Chanceler chinês, com Rui Costa, diz que ‘é hora’ de aprofundar parceria

Chanceler chinês, com Rui Costa, diz que ‘é hora’ de aprofundar parceria

No final das reuniões em Pequim com negociadores chineses, em preparação para a visita do líder Xi Jinping daqui a um mês, a delegação brasileira ouviu do chanceler Wang Yi que “é hora de China e Brasil realizarem uma cooperação estratégica completa”, na tradução do relato em chinês publicado pela chancelaria.

 

Para Wang, a relação alcançou “novas circunstâncias” e agora “suas estratégias de desenvolvimento estão alinhadas e suas filosofias de governo são semelhantes”. Ele não citou, mas um dos focos da negociação é o possível anúncio, durante a visita de Estado, da entrada do Brasil na Iniciativa Cinturão e Rota, o programa chinês para infraestrutura.

 

O chanceler defendeu uma parceria que “não apenas atenda aos interesses fundamentais dos dois povos, mas dê um exemplo de unidade e cooperação entre os países no Sul Global”. Sul Global é um termo impreciso que busca agrupar países da América Latina, África e Ásia em meio aos movimentos de polarização no mundo.

 

A delegação brasileira foi encabeçada pelo chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT), e contou com Gabriel Galípolo, diretor do Banco Central, aprovado como novo presidente da instituição, e Celso Amorim, assessor especial da Presidência. A ex-presidente Dilma Rousseff, presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, o Banco do Brics, também participou.

 

Não foram apresentados detalhes, mas Galípolo afirmou que as parcerias a serem anunciadas por Xi e pelo presidente Lula cobrem “infraestrutura, tecnologia e a área financeira”.

 

Paralelamente à delegação, o ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil), também visitou Pequim, reunindo-se com o ministro da Indústria e Tecnologia da Informação, Jin Zhuanglong, ex-presidente da Comac, a fabricante chinesa de aviões comerciais.

 

Segundo relato na imprensa financeira chinesa, Jin disse que “a China está pronta para trabalhar com o Brasil para promover a sinergia de estratégias de desenvolvimento nos campos de 5G, satélites e inteligência artificial e promover a cooperação industrial para alcançar mais resultados práticos”.

 

O ministro brasileiro disse aguardar com expectativa que “mais empresas chinesas invistam no Brasil”. Ele e o presidente da Telebras, Frederico de Siqueira Filho, visitaram a GalaxySpace, uma das empresas chinesas que buscam concorrer com a Starlink, do americano Elon Musk. A GalaxySpace teria oferecido realizar testes no Brasil.

 

Na próxima semana, em Xangai, Juscelino e Siqueira devem visitar a SpaceSail, outra empresa de satélites geoestacionários de órbita baixa, com projeto mais adiantado. Segundo o ministério, ela pretende lançar até 2027 no Brasil o seu serviço, também concorrente da Starlink.

 

Nelson de Sá/Folhapres